Sinopse
Hoje, ainda é impossível compreender a história do cinema brasileiro da década de 70 sem entender o tratamento dado por Sylvio Back à histérica aversão à cultura alemã em dias de guerra. Não apenas pela dourada carreira de prêmios de Aleluia, Gretchen, mas por seu saudável descompromisso com cartilhas estéticas e políticas (as ainda vigentes ou as agonizantes), fossem elas marginais ou cinemanovistas.
A liberdade com que Back se lançou no fosso da História obviamente lhe valeu torcidas de nariz. “O filme já nascera torto: a originalidade de sua temática – a evolução das sobrevivências do nazifascismo tupiniquim dos anos 30 na cabeça e ações do brasileiro moderno – antecipava uma carreira institucional e cultural cheia de turbulências”, admitiu em 1978. Durante toda a carreira comercial de Aleluia, Gretchen, bem-sucedida em todo o país, o realizador manteve como o argumento-base do longa a discussão dos problemas da imigração na civilização meridional.
Já pelo roteiro, que alinhavado por Back a partir de uma história dele, é possível sentir como o cineasta evitou enveredar pelo prefixo “anti” em cada uma de suas linhas. Aleluia, Gretchen passa longe de ser antialemão, antissemita, antidemocrático, antiburguês. Só vale um “anti” para a saga dos Kranz no Brasil: a anticensura. Sylvio Back escreveu esta trama – agora resguardada em livro trinta anos depois de seu impacto na telona – como uma resposta ao silêncio. O roteiro é mais um eco de seu gesto. Rodrigo Fonseca