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quinta, 05 dezembro de 2024

O LIVRO POETICO DE DUQUE COSTA

Costa, Duque

184 páginas

R$ 25,00

Sinopse


Nos anos vinte, Duque-Costa era um símbolo. Nele víamos o romântico a resistir às primeiras investidas do realismo; não se fala de literatura, mas do realismo da vida, das novas concepções que passaram a dominar a sociedade de todos os países depois da Primeira Guerra Mundial. O tipo clássico do poeta alheio aos problemas da vida, que se impunha em contornos tão diversos dos tempos dos bebedores de absinto, busncando na embriaguez os contatos com a genialidade. Muitas vezes, Duque-Costa perdia-se em reminiscências da vida de Byron, morrendo na luta pela independência da Grécia, e Shelley era um irmão de sua alma. Os “satânicos” como Baudelaire povoavam a sua mente e em tudo por tudo era refinado, singular, até bizarro; revivia em nossa lembrança o tipo de deveria ter sido o de Álvares de Azevedo.
Poeta de extraordinária sensibilidade, o último dos grandes simbolistas, recusava-se a publicar livros. Qundo lhe dizíamos: “Vamos imprimir os teus poemas”, Duque repelia a ideia. E certa vez disse-me. “Os pássaros não imprimem os seus cânticos.” “Nós os líamos esparsos em revistas ou por ele mesmo recitados, e o fazia com requintes de declamador, gestos medidos e uma voz sonora.
Não era, no entanto, um boêmio. Não frequentava as rodas dos conhecidos noctívagos da época. Pode-se dizer que levava uma existência recatada, serena, entregue à leitura, sobretudo de poetas franceses dos quais sabia de cor e recitava extensos poemas. Simples, natural e autêntico, Duque-Costa era um companheiro sincero, sempre risonho, compreensivo e com esta extraordinária qualidade: admirava sem inveja, com espírito fraterno e coração inteiramente limpo.
Agora recebo um pequeno volume: O Livro poético de Duque-Costa, e é como se de repente ele aparecesse vivo, com aquele olhar penetrante, o gosto sempre delicado, a palvra carinhosa na plenitude do que foi sempre: um poeta de maravilhosa autenticidade, cheio de amor e referto das ilusões consoladoras da poesia. Depois, com a idade e as precauções profissionais, fomos nos distanciando e, embora morando no mesmo bairro das Laranjeiras, vimo-nos pouco. Os encontros eram efusivos, as recordações restabeleciam a cordialidade antiga. Duque-Costa foi um dos grandes poetas da nossa geração. Não é vasta a sua obra, mas altamente expressiva e digna. A literatura brasileira ficaria incompleta sem a publicação do livro que agora tenho em minhas mãos. O poeta de “O Jogral e a Princesa” não será mais esquecido. A letra impressa guardará para sempre os valores de sua primorosa inspiração.



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