Sinopse
Clínica atual permite concluir que a psicanálise transforma a estrutura mental graças à capacidade do analista, conferida por transferência positiva, de replicar a função materna, de modo a gerar um processo afetivo intersubjetivo em que o analista se identifica empaticamente com o paciente, enquanto este se identifica introjetivamente com o analista.
A internalização do novo modelo de relação objetal criado na análise modifica a estrutura mental resultante da introjeção das primeiras relações afetivas. Entretanto, embora a clínica atual pouco tenha a ver com a sexualidade infantil, os procedimentos analíticos têm seguido o paradigma cognitivo da interpretação de desejos sexuais infantis reprimidos, correspondente à chamada metáfora arqueológica. Urge reconhecer a obsolescência desse modelo, cuja substituição tende a favorecer a adoção de procedimentos compatíveis com a nova realidade clínica, sem que os analistas se sintam transgressores de cânones cuja qualidade de cláusula pétrea começou a ser abalada a partir do último quartel do século passado.